quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pessoalmente não me preocupo com o fato de a Terra acabar, como se vem prevendo. — Diz o entrevistado Djalma Argollo

Por Carlos Zanandreis

Deguste um "aperitivo" do pensamento de Djalma Argollo, o orador baiano com cadeira cativa no Entremédiuns, participante de várias edições. Ele estará novamente no evento em 2011, trazendo seu conhecimento, sua irreverência e uma oratória cativante.

Nesta entrevista, Djalma fala um pouco sobre seu trabalho, sobre o Entremédiuns e dá uma pincelada no tema do evento e do minicurso que ministrará no sábado pela manhã. Já fez sua inscrição? As vagas estão terminando…

  
1 - Os tempos do fim é o tema do Entremédiuns 2011. Qual a importância desse tema?


Para mim o fim dos tempos significa uma transformação envolvendo a própria Terra e a humanidade. Ela vem acontecendo há muito tempo, como se pode verificar, observando a história do século XX. Como chama a atenção Kardec, em A gênese, vai haver, e para mim já vem acontecendo há muito tempo, uma revolução psíquica na humanidade.

Desde os anos 80, há uma inclinação para tratar os problemas psíquicos de várias formas, e a Psicologia vem sendo a carreira universitária que é buscada por um número crescente de estudantes. Por outro lado, a história da Terra mostra que às vezes as mudanças são drásticas e significam avanço na qualidade e na quantidade dos seres. Veja-se como o período paleozoico acabou com a terra gelada, matando cerca de 90% da vida microbiana, que foi a inicial do planeta. Em seguida veio o cambriano, que terminou numa extinção monumental, com a morte de 95% dos animais aquáticos, marinhos e de parte do reino vegetal. Finalmente, há 65 milhões de anos, um asteroide com um diâmetro de 11 kms chocou-se com o Golfo do México, extinguindo os grandes sáurios, fazendo surgir o reinado dos mamíferos e, dentre estes, o do ser humano. A erupção do Santorini, há 1.400 anos, causou o fim da civilização minoica etc. As catastróficas guerras do século XX causaram o maior progresso tecnológico e de qualidade de vida para grande parte da humanidade. 

Pessoalmente não me preocupo com o fato de a Terra acabar, como se vem prevendo. Pode cair meteoro ou cometa; explodir Yellowstone; o efeito estufa sufocar tudo, não estou nem aí. Se acabar, o problema é de Deus. Como sou imortal, Ele vai ter de arranjar um lugar para mim, aqui ou em qualquer outra parte do universo, ou do mundo espiritual.


2 - Há livro novo seu vindo por aí?

Já publiquei, recentemente: Desenvolvimento pessoal: uma proposta de individuação, pela Editora Amar. Terminei, e vou publicar brevemente, A diversidade das escolhas, que é uma revisão minha de muitas das crenças espíritas tradicionais, que são, ao meu ver, meras projeções do sincretismo judaico-politeísta, que se chamou cristianismo, e que vem atrapalhando muito o movimento espírita.


3 – No Entremédiuns, além das palestras, você desenvolverá um minicurso com um tema muito curioso: A segunda vinda de Jesus – Uma visão espírita. O que você diria aos que estarão presentes nesse minicurso?

O grande problema da segunda vinda, para mim, está na perspectiva pela qual ela é entendida. Quando os discípulos perguntaram a Jesus, materializado, quando o reino de Israel seria restaurado(Atos 1, 6-7), ele praticamente disse que não era da conta deles, mas sim problema de Deus. Os Evangelhos nos falam da vinda do Reino de Deus — que na verdade é um conceito de João, o que mergulha (Batista), de quem Jesus começou como discípulo —, mas dizem que ele não vem com manifestações exteriores. Afinal, Jesus já veio uma vez, fez alguma diferença, mas muito pouca, em termos de comportamentos morais e éticos, como nossos políticos e o noticiário de cada dia demonstram. A nova vinda de Jesus vem acontecendo muito sorrateiramente, aliás, como a parábola do fermento, nas três medidas de farinha de trigo (Mateus 13:33). Sem alarde, o Mestre se vem fazendo visível através de inúmeras pessoas, no Brasil e no mundo.


4 - Você milita no meio espírita há muitos anos. Como é a sua atuação atualmente, principalmente em Salvador, onde reside?

No dia 2/3/2001 fiz 53 anos de militância espírita. Aqui em Salvador, sempre fui ativo nos trabalhos espíritas. Além de palestras e conferências, venho publicando livros, que permanecerão um pouco mais. Também dirijo reuniões de desobsessão, na Fundação Lar Harmonia, da qual sou conselheiro, e na Amar – Sociedade de Estudos Espíritas, que fundei e dirijo. Minha área é a da divulgação espírita. Procuro acolher e orientar, com minhas escassas possibilidades, as pessoas que veem a mim. Com a terapia junguiana, eu me tornei mais compreensivo e passei a ter mais compaixão; isso me faz amar muito mais os seres humanos, meus iguais nos conflitos, angústias e sofrimentos.


5 - Qual a sua expectativa para mais um Entremédiuns?

Em primeiro lugar a oportunidade de abraçar, com muita alegria, companheiros que aprendi a admirar e amar. Em segundo, aprender com os notáveis palestrantes que sempre estão presentes nesse evento. É uma oportunidade excelente para mim, que sou ávido de conhecimentos, ouvir abordagens novas e diversas das que estou acostumado. Mas o fundamental é que o Entremédiuns é um evento que foge da mesmice que caracteriza o movimento espírita nos dias que correm. É desafiador, questionador e estimulante. Estou muito feliz em dele participar.



Imagens: Google Imagens



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