terça-feira, 10 de abril de 2012

Explorar o nome do médium é vaidade?

Recebemos recentemente um comentário de um leitor através de Facebook e que gerou muita reflexão aqui na editora: quem deve estar em maior destaque na capa de um livro espírita, o médium ou o autor espiritual? Explorar em demasia a imagem do médium não seria vaidade? Vejam a mensagem abaixo:


Sou fã de alguns autores espirituais que se utilizam do médium Robson Pinheiro para nos transmitir suas obras e gosto muito do trabalho do médium Robson, mas nas últimas obras dos nossos amigos espirituais venho percebendo que nas capas o nome dos autores não aparecem mais e sim o do médium, gostaria de saber o porquê. Na minha modesta opinião os autores deveriam estar em destaque e não o médium. Pois as obras são deles ou não? Fica ai um alerta para que tão bela obra não se perca pela vaidade. – Ediney Martins Santos


Quem responde nosso leitor é Leonardo Möller, editor da Casa dos Espíritos:

Oi, Ediney!

É muito bom saber que aprecia nosso trabalho, e muito bom ouvir comentários e avaliações, que nos ajudam a caminhar e avaliar o trabalho.

Na verdade, dos livros recentes, acho que só no Negro o nome do autor espiritual, que é Pai João de Aruanda, não aparece na 1ª capa, embora conste da 4ª capa. Por outro lado, no Magos negros, lançado no início de 2011, o nome do autor espiritual – também o mesmo Pai João – figura com destaque quase igual ao do médium. Veja que cada projeto envolve decisões que tornam mais pertinente ou não, possível ou não, ter mais ou menos conteúdo de texto na capa.

Agora, você tem toda a razão, a obra é mesmo dos espíritos. Mas, para o bem ou para o mal, muita coisa mudou na edição e comercialização de livros desde nosso grande mestre Kardec. Ao passo que ele nem cita o nome dos médiuns, e explica por que na introdução de O Evangelho segundo o espiritismo, vemos no séc. XX a figura de Chico Xavier, que indiscutivelmente atingiu muito mais projeção que Emmanuel ou André Luiz, que dirá em relação aos demais autores espirituais que por ele escreveram.

Não sei bem todas as razões, mas ouso especular alguns motivos. Do ponto de vista jurídico, a introdução da lei do direito autoral, que reconhece o portador do CPF como único autor. Ou seja, perante a lei e os contratos, a obra é do médium e ponto. Por outro lado, segundo a ótica comercial, o mundo multimídia hoje exige do autor — encarnado — um nível de exposição como jamais houve, que o espírito não pode ter. Diferentemente da época de Kardec, hoje o autor aparece no Youtube e nas demais redes sociais, com foto, vídeo, opiniões, em Twitter e blog, sem falar na mídia tradicional, com artigos, entrevistas e colunas em rádio, TV e veículos impressos.

Em suma, quem o público vê, com quem interage e conhece? O médium. Numa sociedade que cultua celebridades, isso ganha ainda mais força, pois há uma curiosidade e uma vontade de se sentir perto de quem tem alguma projeção ou, no caso dos médiuns, faz um trabalho que a gente gosta. Basta ver o frenesi de muitos encontros espíritas em torno das atrações, das personalidades convidadas.

E, acredite, como todo mundo que faz livros, nós vivemos de vender. Não é vaidade, nada. É que, sem vender, não há como dar publicidade à obra dos espíritos, que é a finalidade maior de nossa Editora. Só aqui dentro são cerca de 15 funcionários, imagina isso? 

E aí proponho a você um desafio: entre numa livraria e procure os livros do Ângelo Inácio... Dificilmente achará. Mas do Robson Pinheiro, é outra coisa; a chance aumenta muito de que haja até uma prateleira só pra ele. É ou não é? E outro ainda mais emblemático: na mesma livraria, pergunte por livros de Erasto, São Luís ou Verdade. Não achará nada, mas, se falar em Kardec, aí todo mundo conhece. O nome dele está grandão na capa, por vezes até maior que o título do livro. Por quê? Porque o nome dele vende. E isso mesmo com ele, que adotou um pseudônimo para fugir à exposição, já desencarnou há mais de 140 anos e ainda deu ao primeiro livro espírita, já no nome, o crédito da obra — O livro dos espíritos—, atribuindo-lhes desde então a autoria verdadeira. Mesmo assim, a gente fala é em Kardec.

Robson nem participa destas decisões editoriais como aparência da capa, onde vai constar seu nome... Por ele, até, a exposição a que se entrega seria menor e o nome dos espíritos cresceria, tenho certeza. Mas essa é a hora que o editor e odesigner falam: "Nada disso! O povo conhece o nome Robson Pinheiro, então, vamos tirar o máximo de proveito desse fato para dar a conhecer a obra dos espíritos que amamos".

Tomara que tenha lhe proporcionado reflexões tão boas quanto seu comentário me ocasionou.

Abraço e boas leituras!

6 comentários:

  1. Olá pessoal, tudo bem ? Meu comentário não diz respeito ao posto em sí. Sei que voces respeitam muito o trabalho de outras editoras e autores. No "Além da Matéria" sempre ouço Robson e o Leonardo serem perfeitos cavalheiros quando o assunto é o trabalho de nossos irmãos espíritas . Mas gostaria de saber, por favor, se o livro lançado pela Itapuã Editora, pela médium Angelina Sales, cujo autor espiritual é "Joseph Gleber", gostaria de saber se esse Joseph gleber é o mesmo que vemos nos trabalhos da Sociedade Everilda Batista, ou seja, o mesmo que trabalha com o Robson. Sei, como o próprio Robson fala, que nenhum médium tem "atestado" do espírito, ou seja, que um determinado espírito comunique-se apenas por ele. Enfim, aguadeço desde já. Um grande abraço para todos da Casa dos Espírito, Bruno.

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  2. Bruno, vamos consultar sobre sua questão e lhe responderemos. Abs!

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    1. Sim! Eu li e tive a mesma sensação! Também pensei em dejavú!

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  5. Mike, creio que seja importante sim, pois com tantos nomes para os espíritos escolherem, porque usar o mesmíssimo nome de um espírito conhecido ? Se ele não é o próprio, não vejo razão(boa) para usar o nome dele. Voce no seu dia a dia usa o nome, CPF, RG de outras pessoas para abrir contas, crediário, poupança ? Não. Há alguns que até fazem isso, com razões que a polícia militar bem conhece.
    Uma opinião ou outra acho aceitável um espírito usar um nome mais conhecido para que sua mensagem seja melhor assimilada, mas um livro inteiro ? Na visão de nossa sociedade isso é crime e recebe o nome de "Falsidade Ideológica". Concordo com voce que a moralidade da mensagem seja mais importante que a assinatura, então nesse caso, porque falsificá-la não é ?

    Um abraço, Bruno.

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