terça-feira, 7 de julho de 2015

Black-child-power.



Carolina Monteiro tem oito anos de idade e mora em Divinópolis. Desde 2013, a mãe dela  Patrícia Santos, publica na internet vídeos em que a menina fala sobre o orgulho dos cabelos crespos. A última publicação rendeu mais de três milhões de acessos, vários comentários de apoio à atitude antirracismo, além de outros vídeos de crianças de cidades da região, que se manifestaram em defesa aos cabelos crespos da garota.  A mãe de Carolina é cabeleireira, sempre trabalhou com o cabelo afro e contou que, nas décadas de 70 e 80, ela também sofreu preconceito por causa do cabelo, na escola, na comunidade e até mesmo na família. "Sempre tinha algum engraçadinho com uma piada pronta para criticar o meu cabelo afro. A maioria das mães cortava o cabelo  estilo 'Joãozinho' ou fazia as trancinhas. É um trauma que afeta e muito a vida de muita gente adulta", contou.
Para evitar que a filha passasse por qualquer tipo de constrangimento, Patrícia sempre procurou conversar, ensinar a ela que o cabelo crespo também é bonito e que cada pessoa é diferente na sua forma de ser, no tom de pele, na cor dos olhos e assim por diante. "Esse diálogo que a mãe estabeleceu com a filha foi importante para identificar, além de fortalecer os vínculos e garantir que os seus direitos sejam também garantidos, evitando que a filha passe por situações no qual a mãe vivenciou em silêncio", avaliou a socióloga Adriana Eva.
As explicações valeram a pena. Quando Carolina foi para a escola, aos seis anos, ela passou por algumas situações de bullying, por conta do cabelo afro. “Uma coleguinha disse a ela na escola que o cabelo dela era ruim”, contou Patrícia.
A mãe, então, por brincadeira, sugeriu que elas gravassem um vídeo. Mas, nada foi  postado a princípio. O material só foi mostrado para amigos e parentes. Mas em seguida, ela teve outro momento marcante. Uma coleguinha de escola sugeriu que ela abaixasse o cabelo, que estava muito alto. Mais uma vez, a filha queixou-se com a mãe e foi então que elas retomaram a história do vídeo de desabafo. E seguindo a orientação de uma amiga, Patrícia resolveu divulgar na internet. O resultado foi uma grande mobilização entre os internautas, que apoiaram a atitude.
Hoje, circulam nas redes sociais três vídeos de desabafo e orientações para outras crianças que, por ventura, possam enfrentar situações de preconceito. “Criei um site onde há também gravações de outras crianças de cidades da região que apoiaram a atitude. Além disso, muitas mães me mandam mensagens de agradecimento, porque através destes vídeos as crianças têm conseguido entender melhor que cada pessoa é especial do jeito que é. A repercussão foi muito grande e eu fiquei muito surpresa com essa quantidade de compartilhamentos e visualizações. Já estamos preparando os próximos vídeos para essa onda de manifestações positivas não parem”, contou Patrícia.

Fonte:
http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2015/04/crianca-faz-sucesso-na-internet-com-videos-antirracismo-em-divinopolis.html

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