sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Crepúsculo do Deuses: "Os deuses são forjados na crença do povo, nos mitos criados pela ignorância ou pela insensatez".



Era um mundo de deuses,
uma terra de heróis. Os deuses são forjados na crença do povo, nos mitos criados pela ignorância ou pela insensatez. Os heróis foram criados pelas batalhas vencidas ou por sua participação nas lutas de qualquer época. Assim se ergueu a civilização, entre lutas e batalhas, lendas e histórias de força e de coragem.

Entre deuses e heróis se forjaram o orgulho e o egoísmo, a pretensão e a arrogância. Sob os céus do mundo se ergueu muito mais do que os imponentes edifícios da majestosa raça de deuses. Surgiu o mistério, a ciência, a magia, o conhecimento do mundo oculto.

A partir do conhecimento veio o poder, o domínio das consciências, o atestado da loucura a que se entregara aquele povo, aquela raça. A humanidade encontrava seu declínio. Uma mentalidade imperava: o domínio dos mais fracos, o emprego da violência, o desafio ao próprio Deus, a insurreição dos pretensos deuses. Homens valorosos tombaram diante da arrogância de outros; despontavam alguns com inteligência extraordinária e dominavam a multidão. Cientistas, políticos, sacerdotes, magos, homens do povo que se sobressaíam à população.

Mas a morte os visitou. De nada adiantou o conhecimento científico, o domínio de leis ocultas ou a manipulação de energias poderosas. O mundo precisava progredir. O mundo precisava continuar sua marcha, sua caminhada rumo ao infinito. De um lado minguava a força dominadora, tombando em virtude da própria lei que a tudo governa. De outro, nascia a falange do mal, a elite daquela tenebrosa comunidade de seres, que pretendia desafiar a divindade — os deuses conjurados. Aquele mundo prosseguia sua órbita em torno dos sóis gêmeos há muitos anos; há milhares de anos, num tempo em que o sol apenas nascia, sob o influxo da vontade soberana do Eterno. Enquanto outros mundos eram elaborados no frio espaço intermúndio, dramas eram vividos, planos executados, lutas travadas e histórias escritas no livro da vida.

Para eternizar esse passado tão rico em aventuras, lendas e verdades, foram usadas as letras vivas do alfabeto da dor. Para outros seres surgia a civilização nova em que seria erguida a esperança de um povo. Para eles — os deuses, os heróis —, apenas começava uma jornada que se estenderia pelos séculos futuros, sem que pudessem delinear um tempo no qual findaria sua busca pela felicidade…

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