Entre deuses e heróis se forjaram o orgulho e o egoísmo, a pretensão e a arrogância. Sob os céus do mundo se ergueu muito mais do que os imponentes edifícios da majestosa raça de deuses. Surgiu o mistério, a ciência, a magia, o conhecimento do mundo oculto.
A partir do conhecimento veio o poder, o domínio das consciências, o atestado da loucura a que se entregara aquele povo, aquela raça. A humanidade encontrava seu declínio. Uma mentalidade imperava: o domínio dos mais fracos, o emprego da violência, o desafio ao próprio Deus, a insurreição dos pretensos deuses. Homens valorosos tombaram diante da arrogância de outros; despontavam alguns com inteligência extraordinária e dominavam a multidão. Cientistas, políticos, sacerdotes, magos, homens do povo que se sobressaíam à população.
Mas a morte os visitou. De nada adiantou o conhecimento científico, o domínio de leis ocultas ou a manipulação de energias poderosas. O mundo precisava progredir. O mundo precisava continuar sua marcha, sua caminhada rumo ao infinito. De um lado minguava a força dominadora, tombando em virtude da própria lei que a tudo governa. De outro, nascia a falange do mal, a elite daquela tenebrosa comunidade de seres, que pretendia desafiar a divindade — os deuses conjurados. Aquele mundo prosseguia sua órbita em torno dos sóis gêmeos há muitos anos; há milhares de anos, num tempo em que o sol apenas nascia, sob o influxo da vontade soberana do Eterno. Enquanto outros mundos eram elaborados no frio espaço intermúndio, dramas eram vividos, planos executados, lutas travadas e histórias escritas no livro da vida.
Para eternizar esse passado tão rico em aventuras, lendas e verdades, foram usadas as letras vivas do alfabeto da dor. Para outros seres surgia a civilização nova em que seria erguida a esperança de um povo. Para eles — os deuses, os heróis —, apenas começava uma jornada que se estenderia pelos séculos futuros, sem que pudessem delinear um tempo no qual findaria sua busca pela felicidade…
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