sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Para ver capa e ver coração.

por Leonardo Möller
editor da Casa dos Espíritos

Que encruzilhada escolher a capa de um livro! Para mim, pessoalmente e como editor, talvez tenha sido o parto deste O próximo minuto o caso mais difícil. (E faço isso aqui na Casa dos Espíritos desde o ano 2000…)

“Acho que a Casa dos Espíritos nunca perguntou o que deveria fazer. Se me permite a sinceridade, se tivesse caminhado perguntando onde colocar o próximo passo, ainda estaria lá atrás”. Glub… Confesso que fiquei muito pensativo ao ouvir essas palavras de um amigo e profissional em que confio bastante, que admira tanto nossa trajetória quanto a iniciativa, inédita para nós, de submeter capas finalistas ao público, ao leitor, através das redes sociais, a fim de que nos ajudassem a eleger a vencedora.

Àquela altura, a pergunta era: Será que dá pra escolher qualquer capa que não seja a mais aclamada pelo internauta, especialmente quando a diferença era tão grande em favor da opção 1 e em detrimento das outras 2, rejeitadas por muitos, até?

Optamos pelo caminho da coragem. Decidimos levar outro tema para a capa, sem aparente conexão com o título. Afinal, relógio é a ilustração perfeita para o título, como vários internautas destacaram. Sem medo de desagradar — ou seja, cientes de não há como agradar a todos —, e convictos de que precisamos ser coerentes na trajetória de ousadia que temos trilhado até aqui, ao longo destes 16 anos de história. Além do mais, a obra é mais que ousada!

Dois outros comentários, em nossa página no Facebook, foram emblemáticos e ajudaram a decidir. Disse Jura Ndir: “Pelo amor de Deus! Pelo menos as capas de obras espíritas não apelem ao erotismo/nudismo”. E, logo em seguida, Gustavo Henrique: “Eu voto na número 2 [com leve nudez feminina], pois é totalmente quebradora de conceitos. Quem disse que apreciar o corpo humano nu é [sinônimo de] depravação sexual? Sexualidade é maior do que isto”.

Então estava definido. Não seria uma nem outra — a escolha foi uma variação das capas 2 e 3 —, mas tinha de ser “quebradora de conceitos”, pois é consistente com o que fizemos a vida inteira. E não é belo o ser humano — espírito e corpo — com todas suas contradições, seus desafios e paradoxos? Eis uma verdade difícil de questionar: todos nascemos de um ato sexual, mais ou menos sensual, quiçá erótico. Evidenciar esse fato é necessariamente apelativo? Erotismo não é pornografia. E, mesmo pornografia, é o fim do mundo? Muitos espíritas e espíritos acreditam e defendem que sim. Vamos ver o que Ângelo Inácio tem a dizer a respeito, por meio de seus personagens, numa obra que apresentamos agora, com capa, sinopse e coração.






O próximo minuto.
Robson Pinheiro, pelo espírito Ângelo Inácio.

Sexo, sexualidade, afetividade, inclusão. Será que estamos preparados para falar, estudar e defender ideias associadas a esses conceitos? Falar de negros, homossexuais, garotos de programa… Se queremos abordar temas intrigantes e incômodos, é preciso começar a voltar a atenção para o que mais de perto fala à nossa sociedade.

Sexualidade com espiritualidade ou espiritualidade do sexo, sem preconceitos, sem lavagem cerebral, sem imposições e interpretações forçadas pelo dogma religioso ou social. Nas pegadas de cada personagem, experimente a dor, a discriminação, os tabus e a culpa tanto quanto a descoberta da espiritualidade e do amor. Humanos como todos nós, sensíveis como poucos, felizes como muitos desejariam ser. Este é o próximo minuto de uma vida, de várias vidas, em busca de qualidade e reflexão.

6 comentários:

  1. "todos nascemos de um ato sexual, mais ou menos sensual, quiçá erótico. Evidenciar esse fato é necessariamente apelativo? Erotismo não é pornografia. E, mesmo pornografia, é o fim do mundo?"

    Parabéns pela escolha e atitude!

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  2. Fantástico. Ninguém melhor que Angelo Inácio para nos brindar com seu talento de "repórter do além" e nos passar as lições evangélicas fundamentais para nosso aprendizado.
    Um tema nesta profundidade, irá nos auxiliar a trabalharmos melhor com nossos jovens (e também adultos é claro) em nossas famílias e em nossos agrupamentos de caridade.

    Gratidão!

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  3. Tenho quase tudo do Robson, qdo viajo gosto de levar um livro, e sempre escolho o dele, o problema que pesa muito, pois os que mais gosto sao pesados, qdo vcs irao lançar versoes digitais???

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  4. O que mais gosto no Robson são os tema sempre polemicos (para alguns).
    O primeiro livro que eu li foi Faz parte do meu show (confesso que fiquei intrigada) mas para minha surpresa: AMEI e li em 3 horas sem parar.
    Que vc continue assim, sempre desafiador.

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  5. Leonardo, muito belas suas palavras sobre sexualidade e erotismo. Concordo. E quanto ao livro, estava ansiosa para saber qual o próximo tema do Ângelo anunciado recentemente pelo Robson e agora exposto, estou ainda mais ansiosa pela leitura! rs. Parabéns pelo trabalho.

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