Texto transcrito de vídeo transmitido ao vivo em fb.com/casadosespiritos
Olá, pessoal! Eu sou Leonardo Möller, editor da
Casa dos Espíritos, e queria falar um pouquinho com vocês a respeito de
política e religião, dessa baita controvérsia que a gente tem visto nos
comentários [das redes sociais] desde que a gente lançou o livro O partido, lá em maio do ano passado,
que é o primeiro volume da série A Política das Sombras. No segundo semestre, a
gente lançou o livro A quadrilha: o Foro
de São Paulo, que é o segundo volume, e agora, com o livro O golpe, esse assunto volta à tona mais
uma vez. Então, é importante a gente esclarecer de novo e agora assim, por
vídeo, aqui.
Queria dizer dois argumentos, já que a gente vai
bater um papo rapidinho, para você pensar.
O primeiro deles é que, se a gente não quiser
falar de política, só tem um jeito de dizer que a gente é cristão: deixar de sê-lo.
Porque, se a gente for seguir Jesus… Jesus foi o cara que falou contra os
políticos, os poderosos da sua época, contestou-os sem medo. Afinal, você acha
que ele… Por que ele foi crucificado afinal? Por que eles queriam flagrá-lo?
Por que armaram tudo aquilo? É verdade, alguém pode dizer, que os poderosos de
então, do poder político, também eram os poderosos do poder religioso e que as
coisas estavam fundidas naquela época da Judeia, apesar do dominador romano — que
tinha feito uma aliança para administrar o poder político local, que, como eu
disse, estava nas mãos dos escribas, dos fariseus, dos doutores da lei. Quem
era aquela gente?
Eu gosto sempre de indicar um capítulo muito
especial do Evangelho, que é dos meus prediletos, eu confesso, cito-o
exaustivamente, que é Mateus 23. No Evangelho de Mateus — é o primeiro dos
Evangelhos —, vai lá e veja o capítulo 23. Ele é, inteiro, de ponta a ponta,
Jesus xingando os fariseus. E é xingando mesmo! São vários os versículos em que
ele diz: “Escribas e fariseus hipócritas!”, “Sepulcros caiados!”, “Cegos condutores
de cegos!”. Ele repete: “Condutores de cegos, como vocês não enxergam?”. E
assim ele chama, diz as piores ofensas e faz as piores acusações: “Percorrem
milhas para fazer um prosélito e depois fecham-lhe a porta aos céus”;
“Transformam-no num filho do inferno pior do que vocês”. Coisas desse tipo.
Esse é o Mestre! Esse é Jesus. Esse é o contestador que fala sem medo — e olha
que foram três anos até ele ser flagrado.
Então, como é que a gente pode pensar em seguir esse
homem se não quer aprender com ele essa coragem, essa possibilidade de dar a
cara à tapa?
Esse é um argumento. O outro argumento é o
seguinte: se nós que somos os religiosos, [aliás], uma expressão que tenho
usado, gosto, me parece boa, se nós que somos os preocupados com o bem — não
vamos dizer que somos bons, sabemos que não, estamos longe disso… —, se nós que
estamos preocupados com o bem não pudermos falar de política, então como é que
vai ser?
[Pensem sobre] quando Jesus disse que o templo estava
entregue, tinham feito do templo um covil de ladrões… Eu pergunto: é ou não é
uma estratégia das trevas induzir ou fomentar esse pensamento de que a gente
não deveria, num ambiente religioso, falar sobre política, porque — olha só —,
se as pessoas preocupadas com o bem não falarem sobre política, então conversará
sobre política quem? Os outros? Aqueles que realmente querem fazer as maiores
excrescências, aqueles que querem fazer corrupção, aqueles que querem usurpar
do bem público, a sua função real, e transformar tudo em ganho pessoal, ganho
do seu grupo, ganho da sua ideologia?
E aí nós, que somos preocupados com o bem,
animados pelos valores cristãos, que são os melhores valores, que deram origem
à nossa sociedade, devemos ficar calados diante disso? Essa é mesmo a proposta?
Eu ainda tenho um terceiro ponto, para fazer uma
pergunta para você. Como é que assuntos seculares podem adentrar a casa
espírita e, entretanto, nós não podemos nos valer da doutrina espírita, das ideias
espíritas, mais do que isso, nos valer do conhecimento dos espíritos superiores
para olhar sobre todas as questões, inclusive sobre a política?
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Esses dias aconteceu uma coisa interessante;
fiquei observando que coisa interessante… — e aqui não vai nenhum juízo de
valor, não entro no mérito do fato, mas preciso relatar. A União Espírita
Mineira — a Casa dos Espíritos é aqui, em Belo Horizonte —, recentemente, agora
pelo mês de agosto, está promovendo um evento cujo nome é “Homoafetividade”. Ou
seja, ela está discutindo um assunto eminentemente secular sob o ponto de vista
espírita e adotando, para isso — é preciso dizer! —, o jargão que está em voga
nos movimentos LGBT.
Então, trazer assuntos seculares para dentro da
casa espírita pode, mas nós usarmos o ponto de vista da religião, o ponto de
vista da filosofia espírita — é claro que esse é outro aspecto, o fato de que o
espiritismo transcende, em muito, [a ideia de ser] apenas, meramente, uma
religião… —, a gente não pode usar os aspectos da filosofia espírita para olhar
esse assunto? De onde veio essa censura? De onde veio esse pensamento de que
tem algum assunto interditado para o conhecimento espírita?
Essa gente, eu acho mesmo, não conhece O livro dos espíritos. Não é possível!
Pois lá está a base, não só a base do espiritismo, como é também aquele livro
que condensa a filosofia espírita. E Kardec se interessa pelos assuntos os mais
diversos. Prova disso, entre tantas outras que eu poderia dar — e aqui eu
encerro meu argumento pensando nisso —, é que lá, entre os espíritos mencionados
no texto chamado Prolegômenos — que é o prefácio de O livro dos espíritos —, naquela mensagem psicografada que compõe a
segunda metade desse texto, estão lá as assinaturas dos espíritos que compõem a
falange do espírito Verdade, embora nem todos estejam ali citados. Entre outros
nomes, nós lemos os nomes de Sócrates e Platão. Então, esses espíritos fazem
parte da falange do espírito Verdade, eles, que versaram tremendamente sobre
política, mas [então] esse assunto fica de fora quando eles se interessam pela
falange do espírito Verdade, quando eles passam a fazer parte dela? Como pode?
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Sabe o que eu penso, no fim das contas? Para um
grande número de pessoas, política se resume à política partidária, que é o
aspecto mais rasteiro, posso dizer, mais visível, que provoca mais, que suscita
mais disputa de poder, mais paixões.
Mas não é disso, não é disso que o espiritismo
fala. Mas fala de uma política! Qual é a relação que Jesus propõe que a gente
tenha com as pessoas senão a política
do “amai-vos uns aos outros”? Que é o Evangelho senão isso? São os espíritos quem
dizem. Me parece que eles têm um bom argumento. O que é o Sermão da Montanha
senão a plataforma política de Jesus resumida lá em Mateus, capítulo 5?
“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados; bem-aventurados aqueles
que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; bem-aventurados os
mansos e pacificadores, porque herdarão a Terra”. Isso é ou não é uma
plataforma política?
Da próxima vez que alguém vier com esse papo… (Talvez
seja, sei lá — se Chico dizia que espiritismo é religião de católico
fracassado, Chico Xavier dizia… —, talvez seja trauma que a pessoa carrega [em
virtude] de bobagens que fez no ambiente eclesiástico no que tange ao poder
temporal.) Da próxima vez que alguém vier com essa ideia, cite só uma coisa se
ficar difícil se lembrar de todo esse argumento: Mateus 23. E veja lá se nós
podemos seguir este homem, nos dizer seguidores, nos pretender seguidores de
Jesus sem nos posicionar, sem realizar a contestação que ele realiza e nos
posicionar frente aos descalabros que estão aí no mundo…! É a nossa obrigação
como cristãos.
É por isso que eu convido você a conhecer melhor os
livros da série A Política das Sombras, que revela os bastidores do que está
acontecendo no Brasil, especialmente neste momento, desde o ano passado. O factual
desses livros é impressionante. Agora, por exemplo, em O golpe, se veem lá no último capítulo, aliás, no último texto, que
é o epílogo, acontecimentos narrando os bastidores espirituais do que aconteceu
na cúpula do Mercosul, que se deu agora, em julho, lá em Mendoza, na Argentina.
Para se ter uma ideia da atualidade desses assuntos…
Como é que vamos nos privar do alerta que os
espíritos estão dando sobre o que se passa, sobre a disputa de poder que se
passa na dimensão extrafísica? Nós não estamos diante de uma guerra entre
partidos, entre correntes ideológicas meramente terrenas. Nós estamos numa
guerra entre a política do Cordeiro e a política das sombras, que é delineada
por gente muito mais “sábia” do que esses personagens que aí estão nas páginas
políticas e policiais dos jornais todos os dias; são magos negros, espectros e
outros espíritos mais interessados no poder, no caos deste mundo, deste país, o
Brasil, em especial. Como é que a gente vai deixar de conhecer isso tudo? O golpe é o terceiro volume da série A
Política das Sombras.
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