quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Política e religião se misturam?

POLÍTICA E RELIGIÃO


Texto transcrito de vídeo transmitido ao vivo em fb.com/casadosespiritos

Olá, pessoal! Eu sou Leonardo Möller, editor da Casa dos Espíritos, e queria falar um pouquinho com vocês a respeito de política e religião, dessa baita controvérsia que a gente tem visto nos comentários [das redes sociais] desde que a gente lançou o livro O partido, lá em maio do ano passado, que é o primeiro volume da série A Política das Sombras. No segundo semestre, a gente lançou o livro A quadrilha: o Foro de São Paulo, que é o segundo volume, e agora, com o livro O golpe, esse assunto volta à tona mais uma vez. Então, é importante a gente esclarecer de novo e agora assim, por vídeo, aqui.

Queria dizer dois argumentos, já que a gente vai bater um papo rapidinho, para você pensar.

O primeiro deles é que, se a gente não quiser falar de política, só tem um jeito de dizer que a gente é cristão: deixar de sê-lo. Porque, se a gente for seguir Jesus… Jesus foi o cara que falou contra os políticos, os poderosos da sua época, contestou-os sem medo. Afinal, você acha que ele… Por que ele foi crucificado afinal? Por que eles queriam flagrá-lo? Por que armaram tudo aquilo? É verdade, alguém pode dizer, que os poderosos de então, do poder político, também eram os poderosos do poder religioso e que as coisas estavam fundidas naquela época da Judeia, apesar do dominador romano — que tinha feito uma aliança para administrar o poder político local, que, como eu disse, estava nas mãos dos escribas, dos fariseus, dos doutores da lei. Quem era aquela gente?

Eu gosto sempre de indicar um capítulo muito especial do Evangelho, que é dos meus prediletos, eu confesso, cito-o exaustivamente, que é Mateus 23. No Evangelho de Mateus — é o primeiro dos Evangelhos —, vai lá e veja o capítulo 23. Ele é, inteiro, de ponta a ponta, Jesus xingando os fariseus. E é xingando mesmo! São vários os versículos em que ele diz: “Escribas e fariseus hipócritas!”, “Sepulcros caiados!”, “Cegos condutores de cegos!”. Ele repete: “Condutores de cegos, como vocês não enxergam?”. E assim ele chama, diz as piores ofensas e faz as piores acusações: “Percorrem milhas para fazer um prosélito e depois fecham-lhe a porta aos céus”; “Transformam-no num filho do inferno pior do que vocês”. Coisas desse tipo. Esse é o Mestre! Esse é Jesus. Esse é o contestador que fala sem medo — e olha que foram três anos até ele ser flagrado.

Então, como é que a gente pode pensar em seguir esse homem se não quer aprender com ele essa coragem, essa possibilidade de dar a cara à tapa?

Esse é um argumento. O outro argumento é o seguinte: se nós que somos os religiosos, [aliás], uma expressão que tenho usado, gosto, me parece boa, se nós que somos os preocupados com o bem — não vamos dizer que somos bons, sabemos que não, estamos longe disso… —, se nós que estamos preocupados com o bem não pudermos falar de política, então como é que vai ser?

[Pensem sobre] quando Jesus disse que o templo estava entregue, tinham feito do templo um covil de ladrões… Eu pergunto: é ou não é uma estratégia das trevas induzir ou fomentar esse pensamento de que a gente não deveria, num ambiente religioso, falar sobre política, porque — olha só —, se as pessoas preocupadas com o bem não falarem sobre política, então conversará sobre política quem? Os outros? Aqueles que realmente querem fazer as maiores excrescências, aqueles que querem fazer corrupção, aqueles que querem usurpar do bem público, a sua função real, e transformar tudo em ganho pessoal, ganho do seu grupo, ganho da sua ideologia?

E aí nós, que somos preocupados com o bem, animados pelos valores cristãos, que são os melhores valores, que deram origem à nossa sociedade, devemos ficar calados diante disso? Essa é mesmo a proposta?

Eu ainda tenho um terceiro ponto, para fazer uma pergunta para você. Como é que assuntos seculares podem adentrar a casa espírita e, entretanto, nós não podemos nos valer da doutrina espírita, das ideias espíritas, mais do que isso, nos valer do conhecimento dos espíritos superiores para olhar sobre todas as questões, inclusive sobre a política?


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Esses dias aconteceu uma coisa interessante; fiquei observando que coisa interessante… — e aqui não vai nenhum juízo de valor, não entro no mérito do fato, mas preciso relatar. A União Espírita Mineira — a Casa dos Espíritos é aqui, em Belo Horizonte —, recentemente, agora pelo mês de agosto, está promovendo um evento cujo nome é “Homoafetividade”. Ou seja, ela está discutindo um assunto eminentemente secular sob o ponto de vista espírita e adotando, para isso — é preciso dizer! —, o jargão que está em voga nos movimentos LGBT.

Então, trazer assuntos seculares para dentro da casa espírita pode, mas nós usarmos o ponto de vista da religião, o ponto de vista da filosofia espírita — é claro que esse é outro aspecto, o fato de que o espiritismo transcende, em muito, [a ideia de ser] apenas, meramente, uma religião… —, a gente não pode usar os aspectos da filosofia espírita para olhar esse assunto? De onde veio essa censura? De onde veio esse pensamento de que tem algum assunto interditado para o conhecimento espírita?

Essa gente, eu acho mesmo, não conhece O livro dos espíritos. Não é possível! Pois lá está a base, não só a base do espiritismo, como é também aquele livro que condensa a filosofia espírita. E Kardec se interessa pelos assuntos os mais diversos. Prova disso, entre tantas outras que eu poderia dar — e aqui eu encerro meu argumento pensando nisso —, é que lá, entre os espíritos mencionados no texto chamado Prolegômenos — que é o prefácio de O livro dos espíritos —, naquela mensagem psicografada que compõe a segunda metade desse texto, estão lá as assinaturas dos espíritos que compõem a falange do espírito Verdade, embora nem todos estejam ali citados. Entre outros nomes, nós lemos os nomes de Sócrates e Platão. Então, esses espíritos fazem parte da falange do espírito Verdade, eles, que versaram tremendamente sobre política, mas [então] esse assunto fica de fora quando eles se interessam pela falange do espírito Verdade, quando eles passam a fazer parte dela? Como pode?


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Sabe o que eu penso, no fim das contas? Para um grande número de pessoas, política se resume à política partidária, que é o aspecto mais rasteiro, posso dizer, mais visível, que provoca mais, que suscita mais disputa de poder, mais paixões.

Mas não é disso, não é disso que o espiritismo fala. Mas fala de uma política! Qual é a relação que Jesus propõe que a gente tenha com as pessoas senão a política do “amai-vos uns aos outros”? Que é o Evangelho senão isso? São os espíritos quem dizem. Me parece que eles têm um bom argumento. O que é o Sermão da Montanha senão a plataforma política de Jesus resumida lá em Mateus, capítulo 5? “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados; bem-aventurados aqueles que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; bem-aventurados os mansos e pacificadores, porque herdarão a Terra”. Isso é ou não é uma plataforma política?

Da próxima vez que alguém vier com esse papo… (Talvez seja, sei lá — se Chico dizia que espiritismo é religião de católico fracassado, Chico Xavier dizia… —, talvez seja trauma que a pessoa carrega [em virtude] de bobagens que fez no ambiente eclesiástico no que tange ao poder temporal.) Da próxima vez que alguém vier com essa ideia, cite só uma coisa se ficar difícil se lembrar de todo esse argumento: Mateus 23. E veja lá se nós podemos seguir este homem, nos dizer seguidores, nos pretender seguidores de Jesus sem nos posicionar, sem realizar a contestação que ele realiza e nos posicionar frente aos descalabros que estão aí no mundo…! É a nossa obrigação como cristãos.

É por isso que eu convido você a conhecer melhor os livros da série A Política das Sombras, que revela os bastidores do que está acontecendo no Brasil, especialmente neste momento, desde o ano passado. O factual desses livros é impressionante. Agora, por exemplo, em O golpe, se veem lá no último capítulo, aliás, no último texto, que é o epílogo, acontecimentos narrando os bastidores espirituais do que aconteceu na cúpula do Mercosul, que se deu agora, em julho, lá em Mendoza, na Argentina. Para se ter uma ideia da atualidade desses assuntos…

Como é que vamos nos privar do alerta que os espíritos estão dando sobre o que se passa, sobre a disputa de poder que se passa na dimensão extrafísica? Nós não estamos diante de uma guerra entre partidos, entre correntes ideológicas meramente terrenas. Nós estamos numa guerra entre a política do Cordeiro e a política das sombras, que é delineada por gente muito mais “sábia” do que esses personagens que aí estão nas páginas políticas e policiais dos jornais todos os dias; são magos negros, espectros e outros espíritos mais interessados no poder, no caos deste mundo, deste país, o Brasil, em especial. Como é que a gente vai deixar de conhecer isso tudo? O golpe é o terceiro volume da série A Política das Sombras.

ph: http://fb.com/bassafotofilme

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